quarta-feira, 4 de junho de 2008

Como tudo começou

A minha iniciação na cozinha deu-se mais por necessidade do que por interesse, há cerca de dez anos. Animado apreciador de iguarias, quando saí de casa e fui para a Universidade , tive que optar entre continuar a comer convenientemente, ou a aderir à fraca alimentação do mundo estudantil. Uma vez que o dinheiro não dava para grandes gastos, a solução teve que passar por tornar um inepto na cozinha, em alguém capaz de fazer bons pratos.A paixão instalou-se, e a vocação oculta pôde vir à luz do dia.
Mas foi há cerca de dois anos, no dia do meu casamento, que ocorreria a mudança fundamental na maneira como vejo hoje, o universo gastronómico. Apesar de preparar pratos do mundo inteiro (com um peso maioritário na nossa gastronomia tradicional), nunca o fiz com receita pois os pratos saíam-me do que provava, o meu preconceito era grande tanto em relação às receitas, como à alta cozinha; as típicas apreciações que revelam a minha ignorância, impunham a maneira limitada como via a cozinha.
Como estava a dizer, no dia do meu casamento tudo mudou. A boda realizou-se no Hotel Hacienda Benazuza, do grupo do El Bulli de Ferrán Adriá e Juli Soler, onde passei quatro dias esplêndidos a provar as iguarias de Adriá. Desde esse dia que o objecto do meu preconceito se tornou o fruto da minha perseverança, e nos últimos dois anos tenho experimentado e lido tudo o que me possa valer, para evoluir na cozinha molecular e Nouvelle cuisine, na ambição de integrar os conceitos da cozinha criativa.
Espero que as minhas aventuras de aprendiz, comensal e cozinheiro, possam, se não ensinar algo, pelo menos entreter.