sexta-feira, 29 de maio de 2009

Sushi e Sashimi com caviar de soja

Uma destas noites vieram cá a casa uns amigos para fazer um banquete de sushi e sashimi. Uma noite de peixe cru com pretensão a japonesa, em que cuidámos de incluir todo o estandarte das ementas que conhecemos nas nossas variadas experiências: Hosomakis, Kappamakis, Tekkamakis e Uramakis espalhados nas travessas, Nigiris e Sashimi de salmão e atum com frescura garantida na praça, adornavam com cores vivas o ramalhete de pratos e colheres. Pepinos, pele de salmão grelhada, manga, gengibre e até amendoins de wasabi acompanharam os “doces” de peixe. Nada de “anormal” num jantar deste género até me ter lembrado de uma pequena volta.
Aproveitei a oportunidade para substituir a forma tradicional com que se mergulha o peixe em molho de soja, para lhe dar uma nova graça molecular. Com molho de soja condensado e wasabi acabado de fazer, preparei um caviar para acompanhar a refeição. Ficou bom, mas a precisar de mais wasabi que se perdeu um bocado nas diluições da gelificação. Bom proveito.

Opinião: Santini

Agora que o Verão parece ter vindo para ficar e o calor aperta é impossível não pensar em comer um bom gelado. Desde toda a minha infância que os gelados Santini preencheram tardes de calor a saboreá-los pelas ruas da baía de Cascais. Boas memórias é o que me traz “o melhor gelado do mundo” em título, justamente atribuído a esta casa que completa o 60º aniversário este ano. Para quem conhece não é preciso dizer nada, para aqueles que cometem o erro, quase criminoso, de não conhecer uma das melhores experiências que o palato pode ter em território nacional, fica aqui a obrigação cultural de visitar o Santini. Sabores simples de fruta, leite e água sem adições é o que podem encontrar; sentir a alteração da qualidade da fruta de um dia para o outro; refrescar o corpo depois de um dia de Guincho com a veracidade dos ingredientes naturais e de alta qualidade. Imperdível para quem gosta de gelados e para os que ainda não perderam esperança de aprender a gostar.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Opinião: Vila Joya **

Num dos espaços mais privilegiados de Albufeira, fica o restaurante Vila Joya, com a cozinha do chefe austríaco Dieter Koschina, que dispensa apresentações, orientado pelo assombroso e divertido chefe de sala, João Dias, no comando de um autêntico bailado de empregados ao som da música que ele próprio canta. O espaço é amplo, decoração sóbria e convida a perder a vista na imensidão do azul à nossa frente. No Verão, a esplanada faz valer só por si a visita. Ao almoço pode escolher a sua preferência na ementa, à noite apenas o menu de degustação está disponível (foi o que experimentei). A comida de Koschina é de elevada confecção e mestria mas de tom um pouco sobrecarregado. Não me parece que sirva a todos os gostos na sequência das dosagens com cremes, molhos e natas, caviares e algumas notas mais adocicado-florais. Quanto à carta não sei, mas o menu incorre em transições bruscas com alguma incoerência, a dosagem é algo hiperbólica com tendência a enfartar perto dos últimos pratos. Não me interpretem mal, a comida é muito boa, na minha opinião falta algum equilíbrio e o nível de exigência tem que ser maior com um duas estrelas. A garrafeira é excelente a par com o aconselhamento. Contas finais feitas e o restaurante Vila Joya é um destino incontornável para um comensal que se desloque ao Algarve e/ou empenhado em experimentar os restaurantes de alta cozinha em Portugal. Valeu muito a pena experimentar, apesar do preço e algo desproporcionado de 200 euros por pessoa (150 menu + vinhos). Quanto a regressar: assim que possível para experimentar a carta ao almoço e depois quando o factor custo de oportunidade não apresentar problemas.

Camarão Tigre com Risoto de Setas

Esta foi a minha primeira experiência do receituário Ferrán Adriá, como aliás se pode ver pela montagem deficiente e a fotografia telefónica alaranjada. Posso dizer que correu de forma feliz e o resultado foi uma excelente refeição de aspecto hediondo. Os camarões “de quilo” são fritos na sua essência que depois é aproveitada para os regar. O risoto é elaborado com mousse de setas, foie gras, natas e parmesão, o que leva a pensá-lo enjoativo e de fácil cansaço (foi o que pensei enquanto cozinhava), mas não, surpreendentemente mesmo uma porção generosa desaparece facilmente, deixando vontade de continuar. A compor temos um fio de azeite de pistacho, redução de Ximenes e dois crocantes de toucinho que fazem a ponte perfumada entre as personagens principais. Bom proveito.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Lisboa Restaurant Week

De 21 a 31 de Maio todos os caminhos da gula vão dar à capital. Imperdível! 26 dos melhores restaurantes lisboetas oferecem, sim oferecem, uma refeição preparada especialmente para o efeito por apenas 20 euros (bebidas não incluídas) como participantes na excelente iníciativa Lisboa Restaurant Week que já ocorreu em mais de 100 cidades em todo o mundo, com participação global superior a 10.000 restaurantes. Toca a fazer as malas e rumar à terra prometida dos comensais, para quem já lá está nem há desculpa. Aproveitem bem!

terça-feira, 5 de maio de 2009

Canja de açafrão

Uma variante em formato bebível das inúmeras sopas chinesas que por aí populam, onde a um caldo de galinha clássico se adiciona açafrão. No fundo, um pouco de ovo cozido e frango picante desfiado. A nadar, algumas ervas complementadas com pão frito em azeite. Eu gosto de servir em terrinas de 15 cl para beber, o que, atendendo à época do ano deve ser uma escolha ainda mais ponderada, com o que se vai servir a seguir. Bom proveito.

Pesto...

Este pesto tenho que confessar, tirei-o do blogue Nouvelle-cuisine, que de resto é um lugar onde vou buscar muitos pratos e inspiração. Visitem-no. Não vou falar sobre a receita do pesto, é só seguir a hiperligação, mas quero recomendá-lo como entrada ou como ensalada de verão para o almoço ou lanche. O iogurte torna-o muito fresco, o tomate envolve-o no encantador flamenco do gaspacho, e o espinafre atira-o para uma massa italiana, enfim com uma espuma de conquilha no topo e temos os quatro latinos da bacia do mediterrâneo num copo de shot, Portugal, Grécia, Espanha e Itália de um só trago. Bom proveito.

Opinião: Willie's *

O restaurante Willie’s fica em Vilamoura, perto do Hilton, onde guarda a sua estrela que foi ganha, com certeza, pela simpatia e gastronomia. A cozinha, não só é digna do prémio como todos os pratos concorrem pelo lugar de excelência da matéria-prima natural: as vieiras grelhadas saídas do mar, o foie gras que nos leva à Provença, o tornedó da melhor vaca de pasto ou o faisão de vera caça, todos acompanhados e regados com os mais exímios frutos da terra. Uma corrida que se iniciou num pão molhado em azeite de lagosta com balsâmico e terminou com um café e petits-fours, passando por todas as aventuras papilares descritas, num ambiente a atirar para o cliché piroso dos restaurantes internacionais. Merecedor indiscutível de uma visita o Willie’s carrega demasiado no preço dos vinhos que, acrescido, eleva uma refeição aos 100 euros por pessoa mas, apesar bem gastos, são um pouco pesados para o conjunto. As doses são generosas e, com um prato e um copo de vinho, pode ter uma refeição ligeira mas satisfatória, que cortará a despesa pela metade, o preço apresentado pelos roteiros que nos induzem em erro. Visite!